Que as pessoas são o principal recurso de todas as empresas, todo mundo já sabe! Pelo menos esse é um ponto em que a maioria das pessoas (para não dizer todas) concorda.
No entanto, há uma grande distância entre saber/concordar e apoiar/realizar. Muito embora até exista a vontade de treinar e desenvolver os recursos humanos da organização, muitas vezes as iniciativas esbarram na falta de orçamento, na falta de pessoas (tanto no RH quanto na empresa como um todo) e na falta de vontade e motivação de todos para assumir essa empreitada. Até porque lidar com pessoas não é tarefa fácil.
Por muito tempo, quem atua com Gestão de Pessoas se habituou a afirmar que o principal responsável por esse distanciamento era a gestão das empresas.
Ou seja, o empresário encontra no RH uma área de suporte, considerando-a muitas vezes pouco estratégica ou meramente operacional.
Claro que parte desse imbróglio também é responsabilidade dos profissionais de RH. E enquanto ficamos procurando os responsáveis e lamentando pela falta de apoio, o baile segue!
Só que, eu tenho percebido, nos últimos anos têm surgido outros fatores que têm feito com que os profissionais de RH se sintam ainda mais pressionados e incomodados por não conseguirem dar vazão a todas as iniciativas que desejam.
São fatores externos, impostos sem cerimônia pelo governo. Vale citar aqui alguns casos bem recentes, como o advento do eSocial e a nova reforma trabalhista.
Pode parecer exagero, mas somente quem está dentro das empresas, ou melhor, quem convive com as atividades ligadas ao RH tem percebido a quantidade de trabalho adicional que está sendo gerada por conta destas mudanças inseridas pelo governo no dia a dia das empresas, sobretudo do RH.
Nas reuniões que tenho participado com profissionais da área de RH, tenho acompanhado a pressão e a angústia de quem sabe que dias melhores irão demorar a chegar.
O motivo? É muito simples! Há uma quantidade muito maior de trabalho que deverá ser executada por uma área que costuma ser deficitária em termos de quantidade de pessoas, assim como de pessoas preparadas.
Essa quantidade adicional de trabalho, que tem que ser entregue por conta das obrigações legais, são somadas a outras cargas de trabalho que devem ser entregues em data e hora definidas.
Ou seja, no RH não há como postergar atividades; não há como deixar o fechamento da folha de pagamento para a semana seguinte; não há como deixar para fazer as admissões no mês seguinte não há como gerar as guias para impostos quando der tempo.
Isso faz com que sejam postergadas as atividades que “podem” ser feitas depois. Nessa lista estão as atividades de treinamento e desenvolvimento.
Esse fenômeno acaba casando perfeitamente com o que eu mais ouço dos profissionais de RH atualmente: não temos pessoal para coordenar as atividades de treinamento e desenvolvimento. Temos muitas demandas, mas não há ninguém para assumir essa empreitada.
Diante disso, arrisco sugerir alguns pontos que representam os maiores desafios para o RH neste ano:
- Fazer mais com menos: fazer mais atividades com orçamentos menores, prazos mais curtos e equipes menores;
- Desenvolver suas competências: os profissionais do RH têm que melhorar suas competências; têm que estar um passo à frente. Isso quer dizer que os profissionais de RH têm que ser as pessoas mais preparadas da empresa; têm que ser ágeis, produtivos e multi-competentes; têm que dar um exemplo para os demais líderes da empresa;
- Gestão de tempo e prioridades: é fundamental saber gerir recursos escassos, como o tempo ou a quantidade de pessoas. Isso faz com que o profissional do RH tem que saber trabalhar e gerenciar prazos, definir prioridades e eliminar atividades que não agregam valor;
- Delegar: em muitas empresas, o RH vira o muro das lamentações. O líder – na falta de preparo ou vontade de resolver determinados conflitos – manda tudo para o RH. É preciso que o profissional de RH atenda aquilo que ele não pode delegar e que seja firme em delegar para outras pessoas (sobretudo para os líderes) aquilo que elas podem e devem fazer.
Esses desafios representam os passos que faltam para que os RHs sejam efetivamente estratégicos para as organizações, para que contribuam ainda mais para o crescimento das pessoas e das empresas.