Ele já foi chamado de aventureiro e, quando soube disso, afirmou categoricamente:
“Não sou aventureiro. Aventureiro é aquele que se lança ao mar sem planejamento, competência e preparação. Não faço aventuras. Faço expedições planejadas!”
De fato, ele não é um aventureiro e, eu lembro de Amyr Klink ter deixado isso bem claro há muito tempo, em uma palestra que tive a oportunidade de assistir.
Amyr já proferiu muitas palestras, todas relatando as experiências oriundas de suas várias expedições. Algumas delas viraram livros, que falam não somente das emoções e desafios das expedições, Mas, principalmente, de todo o planejamento, preparo e organização dedicados para cada viagem.
Um destes livros foi dado a mim de presente há pouco tempo. O livro se chama: “Não há tempo a perder”. É uma coletânea de relatos, sobre as experiências de planejamento e gestão, que Amyr Klink usou em diversos de seus projetos.
Fica claro, ao longo do livro, que o planejamento não faz com que a sua ideia seja isenta de erros. Visto que, podemos ter problemas com o projeto, execução, controle e liderança.
Nas palavras de Klink,
“os planos reduzem o risco, mas não podem assegurar que tudo vai dar certo na viagem.”
Amyr Klink utiliza as páginas deste livro para estabelecer uma relação direta entre o planejamento e a liderança. Ele ressalta que a humildade em saber ouvir, reconhecer que está errado e ceder quando necessário são condições essenciais para qualquer líder.
Ele nos ensina que muitos projetos bem elaborados não dão certo, por conta da prepotência intelectual do líder, que se julga experiente e conhecedor o suficiente, para não depender dos outros ou não precisar ouvir as suas opiniões.
Há que se considerar, claro, que a natureza dos projetos empreendidos por Amyr Klink é um tanto quanto diferenciada. Afinal, cada expedição dura vários meses.
Ainda assim, ele menciona que os aspectos comportamentais do grupo influenciam no resultado final do projeto.
Ele destaca que os maiores problemas enfrentados em seus projetos não são de ordem financeira ou técnica, mas sim, de ordem emocional. Que ocorrem, principalmente, por conta do desânimo das pessoas envolvidas.
Segundo ele, a negatividade pode afetar de forma irreversível a execução de um projeto e, é dever do líder, observar constantemente os menores sinais de que a negatividade está se instalando na equipe.
A gestão das pessoas de forma paralela à gestão do projeto é essencial!
Mas, Klink entende que a parte mais importante de todo o planejamento é quando ele sai do papel e alcança a realidade. A materialização do projeto deve ser comemorada, pois é o primeiro sinal de que todo sacrifício e dedicação da equipe valeram a pena.
Justamente, porque aquele empreendimento que surge diante dos olhos da equipe, foi fruto de um plano executado com bastante empenho.
E não algo que surgiu de qualquer forma, por atalhos ou caminhos mais fáceis e rápidos, do famoso jeitinho pelo qual todos terão que pagar muito caro depois.
Não são lições somente de um livro, mas sim da carreira de uma pessoa que nos ensina que nossos objetivos devem ser conquistados por meio do nosso conhecimento e esforços.
No final, o sabor desta conquista é melhor do que quando recebemos tudo pronto e embalado!
FICHA CATALOGRÁFICA:
KLINK, Amyr. Não há tempo a perder. Rio de Janeiro: Foz Tordesilhas, 2016.