Empresas fazem planejamentos estratégicos de médio e longo prazo, no qual declaram os resultados esperados para o horizonte de tempo definido e relatam as ações necessárias para que esses resultados aconteçam. É natural que durante esse tempo algumas situações de ordem externa que não foram previstas podem fazer com que a rota deva ser recalculada. Mas o importante é que os objetivos nunca sejam perdidos de vista e, principalmente, que as ações previstas sejam colocadas em prática e monitoradas a fim de nos certificarmos de que elas estão aproximando a empresa dos objetivos traçados.
Essa dinâmica que envolve objetivos, planejamento, ação e monitoramento também é muito comum para a vida pessoal e profissional. Muita gente traça planos para a sua vida e estabelece claros objetivos que desejam alcançar. Planos são traçados com o intuito de realizar aquilo que se almejou. No entanto, nota-se que muitos objetivos traçados deixam de ser alcançados não por falta de planejamento, mas sim de execução. Ou seja, há o objetivo, a estratégia é criada, mas a execução é falha ou inexistente.
Em uma pesquisa realizada pela empresa de gestão de risco Symnetics, citada pela revista ADM+ de dezembro de 2015[1], foi comentado que nas maiores empresas brasileiras a taxa de execução das estratégias é somente de 10%. Ou seja, 90% das ações previstas nos planos fracassa por falta de iniciativa. Acredito que proporções semelhantes a essa estatística podem ser vistas também nos planos pessoais e profissionais de cada indivíduo. Bernardo Hees, CEO da Heinz, também comenta que “o sucesso não está na estratégia, está na execução.”[2], o que salienta ainda mais a importância da ação.
Esses pontos levam a duas reflexões: a primeira é que somente por meio da execução é que o futuro será de acordo com o que foi planejado. Sonhos somente se tornarão realidade à medida que agirmos para eles se realizem. A outra reflexão importante é que somente podemos agir no momento presente, no agora. Não se pode agir no dia que passou, assim como não se pode agir amanhã. Tudo acontece no momento presente, no agora. A importância de viver o agora foi muito bem apontada por Eckhart Tolle em seu livro O Poder do Agora[3], no qual o autor chama a atenção para a importância de tomar consciência dos pensamentos e emoções que nos impedem de vivenciar a alegria e a paz que estão dentro de nós. Passado e futuro inexistem sob essa ótica, o que é verdade. O que aconteceu no passado deve ficar no passado e não pode ser alterado, só que o futuro é plenamente passível de mudança. O futuro é como se fosse uma massa bruta que pode ser moldada para que se torne a escultura que a gente desejar. A importância do momento presente reside no fato de que o amanhã somente será do jeito que a gente quer se agirmos hoje. Em outras palavras, o que colhermos amanhã será consequência do que plantarmos hoje.
A reflexão provocada pelo título desse texto vai justamente no sentido de nos fazer pensar se tudo o que eu estou fazendo hoje é congruente com os resultados que eu desejo para amanhã. É por causa disso que tanto se ouve falar que determinados sonhos e objetivos não devem ser perpetuamente adiados, porque eventualmente chegará o “amanhã” no qual desejamos ser e ter tudo o que desejamos. No entanto, será grande a frustração quando chegar esse dia e constatarmos que aqueles resultados que desejamos não aconteceram por falta de ação. Essa frustração poderá estar aliada a uma sensação de impotência por saber que, conforme já dito anteriormente, não é possível voltar no tempo para corrigir nossa falta de atitude. O que aconteceu (ou não aconteceu) no passado, ficará no passado.
Por isso que sempre é importante refletir se o dia de hoje está construindo o dia de amanhã conforme desejamos. Hoje ainda dá tempo de refletir e agir. Talvez amanhã já não dê mais.
[1] De volta para o futuro. Revista ADM+. Florianópolis, Ano XV, n. 119, dezembro de 2015.
[2] Disponível em em https://www.napratica.org.br/o-sucesso-nao-esta-na-estrategia-esta-na-execucao-diz-bernardo-hees-ceo-da-heinz.
[3] TOLLE, Eckhart. O poder do agora. São Paulo: Sextante, 2002.