O efeito placebo é um fenômeno ligado à medicina, que tem a ver com a efetiva melhoria ou cura de uma pessoa, quando ela é tratada com um remédio inerte, ou seja, sem quaisquer propriedades medicinais.
Na linguagem popular, é quando a pessoa melhora de uma determinada doença após ter tomado “pílulas de farinha”. É um efeito puramente psicológico, que está intimamente ligado à forte crença que o paciente tem na sua recuperação. O que faz com que a pílula de farinha seja somente o gancho que o faz ter esperanças na sua recuperação.
Há muitos estudos no campo da Medicina que mostram a força do efeito placebo nas pessoas
É certo que este efeito não se percebe em todas as pessoas que estão em tratamento médico. No entanto, eu vejo o quanto o efeito placebo se faz presente na nossa vida cotidiana, sobretudo no trabalho.
Digo isso, porque uma das justificativas que a Medicina encontra para explicar o efeito placebo é a redução da ansiedade que precede o início de um tratamento médico. Além do consequente aumento da sensação de bem-estar que o paciente experimenta tão logo iniciado o tratamento.
Essas boas sensações trazem respostas psicológicas que são positivas, acarretando efeitos verdadeiramente benéficos ao paciente
A partir desta explicação e deixando de lado as questões da Medicina que nos ajudam a entender o efeito placebo, tenho certeza de que efeitos psicológicos positivos são experimentados por cada um de nós diariamente. Há muitos séculos, um faraó egípcio chamado Ptahhotep disse que:
“Aqueles que precisam ouvir as pessoas, devem fazê-lo com muita atenção, porque as pessoas querem muito mais atenção para o que dizem do que para o atendimento dos seus pedidos.”
Essa é uma das frases mais emblemáticas do faraó, famoso por seus ensinamentos, que ressaltavam a importância de ouvir as pessoas.
O efeito placebo da comunicação, da escuta ativa, está embutida na frase do faraó, quando ele diz que as pessoas dão mais valor ao fato de serem ouvidas do que para o atendimento do que pedem. Isso quer dizer que o fato de perceberem que alguém as ouve, faz com que as pessoas se sintam respeitadas e acolhidas. O que, por si só, já causa importantes melhorias no ambiente organizacional.
Repare que o ato de ouvir acaba sendo a pílula de farinha da história, pois embora não resolva o problema, ouvir a pessoa pode causar muitos efeitos positivos para ela.
Outro momento marcante que vem à minha mente, ao falar do efeito placebo na nossa vida organizacional, está no Experimento de Hawthorne. No qual ficou evidente que a melhoria da produtividade que a linha de montagem da Western Eletric experimentou, estava muito mais relacionada à atenção e acompanhamento que as pessoas das linhas recebiam de seus líderes, do que às mudanças ergonômicas que foram promovidas.
Novamente percebe-se o efeito placebo, pois as pessoas se sentiram mais satisfeitas ao constatarem que estavam sendo notadas, ouvidas
Talvez o grande segredo seja ouvir mais e falar menos. Pois, somente assim conseguimos fazer um verdadeiro “diagnóstico” das situações que ocorrem ao nosso redor, para então propor um “tratamento” adequado, para cada pessoa e cada equipe.
É importante reforçar que estamos falando de ouvir com atenção e procurando desenvolver empatia, porque esse acolhimento já ajuda a aliviar muito a ansiedade daquele que lhe procura.