Há uma frase que ficou muito popular a partir dos anos 1970 que dizia que “a vida começa aos 40”. Essa frase se tornou popular porque fazia muito sentido na época em que foi profetizada.
Era uma época em que as pessoas estavam chegando ao limiar de sua aposentadoria (Acreditem, as pessoas se aposentavam aos 40 e tantos anos!), seus filhos já estavam crescidos e começavam a sair de casa (as pessoas casavam e tinham filhos muito mais cedo!) e já tinham atingido a sua maturidade material e profissional.
Também fazia sentido afirmar que a vida começava aos 40 porque era nessa fase da vida em que chegávamos à meia-idade, ou seja, aquela fase de transição até chegarmos à terceira idade.
Vale dizer que, nos anos 1980, a terceira idade começava a chegar quando estávamos com 50 e tantos anos. pois a expectativa de vida também era menor.
Na realidade, o que começava aos 40 era uma nova vida, uma vida diferente, pois depois de anos batalhando por conquistas pessoais, materiais e profissionais, a pessoa acabava chegando a uma fase em que tinha que lidar com outros desafios.
Muitas pessoas se aposentavam e acabavam sem um propósito na vida. Depois de muitos anos, o casal muitas vezes se encontrava sozinho pela primeira vez e muitos não sabiam como conduzir a vida a partir daí.
Não é à toa que muitos adoeciam, desenvolvendo doenças físicas ou psicológicas. As pessoas conheciam a crise da meia-idade.
Mas o que aconteceu quando eu completei 40 anos?
Embora eu conhecesse o ditado popular sobre a vida começando aos 40 anos, confesso que não criei expectativas com relação a isso.
Pensava que seria como quando completamos 18 anos, ou seja, não ficamos adultos num passe de mágica quando os sinos badalam à meia-noite do dia em que finalmente chegamos nesta idade.
Tornar-se adulto é um processo que começa antes dos dezoito e perdura por muitos anos depois. Eu tinha certeza de que seria bem menos impactante ou significativo. Eu estava errado…
Pouco antes de completar 40 anos optei por fazer algumas guinadas na vida profissional. Mudanças de quase 180 graus na minha carreira, na qual deixei de ser um profissional contratado para fazer a gestão industrial de uma empresa e então para ser um profissional liberal empreendedor na área de serviços, a fim de atuar com o desenvolvimento humano e organizacional.
Por que isso aconteceu aos 40 anos? Foi apenas uma coincidência temporal ou, de fato, acontece algo de mágico quando estamos no limiar dos 40 anos?
Embora esta regra não sirva para todo mundo, há um fato que tenho observado em várias pessoas nesta faixa etária: praticamente todos começaram a trabalhar aos 15, 16 ou 17 anos de idade.
Chegam, então, a uma carreira com mais de 20 anos de atuação. Muitos o tem feito na mesma empresa ou na mesma profissão e depois de mais de vinte anos de trabalho ininterrupto, “recheados” por faculdade, casamento, filhos, casa, carro, etc.
Ao chegar nesta fase da vida, acabam constatando que terão uma longa vida pela frente e muitos anos produtivos a viver. E assim acabam constatando também que não desejam continuar fazendo o que fazem; acabam desejando fazer algo que tenha a ver com o seu propósito.
Aliás, procuram por um propósito. Apesar de muitos estarem financeiramente estáveis, com uma carreira relativamente bem encaminhada ou consolidada, com família bem estabelecida, não querem continuar fazendo por mais 25 anos o que têm feito até então com suas carreiras.
Foi o que aconteceu comigo. Acabamos conhecendo a crise da meia-idade. No meu caso, acabei usando essas mesmas dúvidas como alavanca para mudar a minha própria carreira. Acabei escolhendo fazer o que eu faço hoje para, inclusive, ajudar as pessoas a encontrarem estas respostas.
A vida começa aos 40? Sim! Se não for aos 40, será aos 45 ou 50. É uma metáfora, claro! Mas há um fato que todos iremos encarar: muitas pessoas encontrarão a sua crise de meia-idade com questionamentos diferentes, expectativas, sucessos e frustrações diferentes.
Ainda assim, todos nós chegaremos a um momento da vida em que iremos fazer aquelas tradicionais perguntas: por que eu faço o que eu faço? Quero continuar fazendo o que estou fazendo? Qual é a direção que eu quero dar para minha vida?
Na verdade, essas e outras perguntas irão surgir para nos ajudar. Afinal, como diz outra frase famosa: é no meio da crise que encontramos as oportunidades.