Transcrição do episódio "196 – José Daltrino e a Gentileza"
Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.
—
Vamos falar de:
RELACIONAMENTO
—
Gentileza gera gentileza
—
O episódio de hoje do nosso podcast sobre pessoas, carreira e liderança vai falar sobre coisas boas. Vai falar sobre o bem e, de quebra, vai fazer uma singela homenagem. Você já deve ter ouvido falar na frase que dá título ao episódio de hoje, afinal, gentileza gera gentileza é uma daquelas expressões que fazem parte do dia a dia das nossas redes sociais. Ao navegarmos na internet, vira e mexe encontramos uma publicação que fala sobre gentileza e utiliza a famosa frase. Mas o que muita gente não sabe é que essa frase foi criada por um brasileiro. Foi José Daltrino que criou a frase “gentileza gera gentileza” e, por isso, acabou sendo conhecido pelas ruas do Rio de Janeiro e do Brasil como o Profeta Gentileza. Sua frase, ou melhor, suas atitudes tinham como objetivo construir a ideia de que atos de bondade podem ser cíclicos e que uma boa ação pode inspirar inúmeras outras.
Só que José Daltrino não nasceu como o Profeta Gentileza. Sua história de vida mostra o quanto algumas pessoas podem usar uma tragédia para encontrar forças para fazer e espalhar o bem por onde for. Datrino cresceu como um menino incomum, já que vagava pelas ruas quando criança, afirmando ter um propósito maior, uma missão nesse planeta. No entanto, só começou a ficar conhecido como Profeta Gentileza em 1961, quando um terrível incêndio acometeu o Grande Circo de Niterói, levando centenas de vidas. Depois da tragédia, Datrino se mobilizou para fazer um belo jardim no lugar onde o circo havia deixado apenas cinzas. Também se mudou para as redondezas a fim de amparar os prejudicados do incêndio, oferecendo conselhos e palavras amigas aos que o visitavam. A partir daí, passou a ser chamado de Profeta Gentileza.
—
Carregando o título de Profeta e ansioso para disseminar suas diretrizes de gentileza, Datrino saiu pelas ruas do Rio de Janeiro, muitas vezes se alojando entre a ponte Rio-Niterói. Tentava transmitir seus ensinamentos, suas ideologias, pregava o amor ao próximo e a bondade acima de tudo. Por muitos era visto como um lunático, mas nada o abalava. Em 1980, o Profeta passou a trabalhar no legado que deixaria às gerações posteriores. No viaduto da Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, entre o Cemitério do Caju e o Terminal Rodoviário, Datrino passou a encher as pilastras com frases que refletiam suas ideologias de gentileza. Para alguns, os escritos eram sinônimo de profecia, eram magia, espiritualidade, eram as palavras do Divino. Já para outros, eram apenas falas bonitas, poesia pura, o tipo de dizer que inspira. Independente da interpretação que se tire, as frases desenhadas na caligrafia peculiar do Profeta, se tornaram conhecidas nacionalmente.
Eu morei no Rio de Janeiro nos anos 1990. Mais precisamente, em 1996, que foi o ano da morte do Profeta Gentileza. Até então eu não havia ouvido falar de José Daltrino, do Profeta Gentileza, tampouco da frase “gentileza gera gentileza”, mas ao chegar ao Rio de Janeiro logo eu pude ver as frases e mensagens do profeta pintadas em vários lugares da cidade. As mensagens eram simples e belas frase, sempre com um tom de otimismo e tolerância, o que contrastava de forma significativa com a pobreza, a violência e a falta de beleza dos locais em que suas frases estavam pintadas. Infelizmente, parecia que embora o Profeta Gentileza fosse muito querido e suas frases fossem lidas e cantadas por artistas como Gonzaguinha e Marisa Monte, sua mensagem não causava em todos o efeito que poderia causar.
—
Eu acredito muito nessa frase. Ou melhor, acredito fortemente que gentileza gera gentileza e desde que eu morei no Rio de Janeiro eu tenho comigo que devemos pautar nossos pensamentos, palavras e atitudes na gentileza, positividade e bondade. Logicamente, cometo muitas falhas. Mas procuro sempre lembrar que o mundo pode ser um lugar melhor se fizermos o bem para as pessoas e para o ambiente em que estamos. É algo simples, mas poderoso. Ser gentil e fazer o bem não custa nada, está ao alcance de todos e pode ser feito a qualquer momento.
Eu gosto tanto desta frase que há alguns anos eu lancei uma palestra chamada “A Excelência Contagia”. A palestra é oriunda do meu primeiro livro, os 50 textos sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão. Como o próprio título sugere, nesse livro eu fiz um apanhado de reflexões e ensaios sobre liderança, carreira e relacionamento interpessoal. Quando estava prestes a lançar o livro, uma pessoa muito próxima de mim deu a ideia de elaborar uma palestra para falar sobre a essência do livro. Só que embora a sugestão fosse relativamente simples, elaborar uma palestra que abrangesse a essência de um livro que traz 50 textos distintos se revelou um grande desafio.
Então eu decidi deixar a “sorte” me guiar. Decidi abrir o livro aleatoriamente para ver que texto iria puxar a fila, por onde eu começaria. Quis o destino ou a tal da sorte que o primeiro texto fosse “A Excelência Contagia”, no qual eu escrevi a respeito da importância de fazer o bem para as pessoas. O texto fala do quanto influenciamos e somos influenciados pelas pessoas e o quanto temos o poder de influenciar positivamente o ambiente e as pessoas com quem nos relacionamos. Se analisar o texto bem a fundo, é nítida a inspiração do Profeta Gentileza naquelas páginas.
—
Eu quis trazer à tona o texto da “Excelência Contagia” porque a proposta deste episódio é falar do efeito da gentileza sobre os relacionamentos. Temos visto que relacionamentos que antes duravam longos espaços de tempo agora têm uma expectativa de vida mais curta. No meio organizacional eu penso que esse fenômeno tem a ver com o aumento constante da rotatividade. As pessoas estão ficando cada vez menos nos seus empregos e, com isso, acabam não criando raízes e os vínculos necessários para estabelecerem relacionamentos. Hoje em dia, aquelas amizades que em outras épocas nós fazíamos com algumas pessoas com quem trabalhávamos não passa de coleguismo. E olhe lá! O mesmo acontece nas faculdades, escolas, etc., pois as aulas online e o alto índice de desistência dos cursos também fazem com que a gente não estabeleça vínculos com aqueles com quem dividimos essa caminhada. Desta forma, quanto menos vínculos, menos contato e menos relacionamentos.
Também estamos vivendo na era da correria. Estamos mais agitados, menos concentrados e, assim, perdemos a oportunidade de construirmos relacionamentos de verdade, de proximidade com os outros. Parece que a interação face a face e o olhar nos olhos incomoda cada vez mais as pessoas. Esse é um negócio que eu boto na conta das redes sociais. Graças à tecnologia, o termo “relacionamento” se resume cada vez mais ao número de pessoas que você segue ou que te seguem nas redes sociais. Curtidas viraram sinônimo de popularidade e as conversas virtuais deixam a desejar no quesito “relacionamento olho no olho”.
—
Gosto sempre de frisar que nada tenho contra as redes sociais ou as conversas virtuais, até porque elas são muito úteis inclusive para o trabalho. Não dá para viver sem elas. Mas também não dá para esperar que relacionamentos interpessoais, sociais ou profissionais duradouros surjam desse meio. A minha pulga atrás da orelha com relação aos relacionamentos puramente virtuais é que, nesse ambiente, é mais fácil dizer não para aquele que te pede ajuda. É mais fácil ignorar, fazer de conta que não viu. Da mesma forma, infelizmente, é mais fácil criticar, jogar sujeira no ventilador, ser intolerante e até ofensivo às pessoas. Na vida virtual é mais fácil divulgar as mensagens de gentileza, mas é mais fácil ignorá-las e viver de forma contrária aos que as mensagens defendem.
O relacionamento interpessoal é o que nos torna humanos. Não me refiro ao sentido biológico do termo “humano”, mas no sentido mais profundo, ligado ao propósito e ao motivo para o qual estamos aqui. Eu penso que o propósito de cada um de nós é fazer o bem, é ser para o ser. Somente conseguiremos isso quando conhecermos melhor a nós mesmos e começarmos a gostar mais de nós e a perdoarmos mais a nós mesmos. Quando tivermos feito isso com êxito, será mais fácil espelhar esse comportamento para as outras pessoas, para sermos mais compreensivos e, quem sabe, mais gentis.
Aliás, sabe por que gentileza gera gentileza? Porque quanto mais coisas boas fizermos, mais estaremos estimulando as pessoas a fazerem o mesmo por conta do nosso exemplo. Essa é a excelência que contagia, é a corrente do bem, é a influência positiva que podemos fazer nas pessoas e no ambiente.
—
Fala, galera do Coachitório Online.
Dia 13 de novembro é o dia mundial da gentileza. A data foi estabelecida em 1996, no Japão, quando grupos se reuniram para discutir o assunto. Foi oficializada mundialmente em 2000. A data traz reflexões a respeito dessa característica humana que engloba bondade, generosidade, amor e afeto. A qualidade de ser gentil, de ser acolhedor, doador, amável. Um aspecto a ser celebrado, a ser construído em cada um de nós. Por isso que nós optamos em lançar esse episódio do Coachitório Online próximo dessa data, para também fazermos a nossa singela homenagem à gentileza e ao profeta que propagou que gentileza gera gentileza.
Mas eu quero ouvir você. O que você acha da gentileza no ambiente de trabalho? Somos gentis ou ainda falta muito para chegarmos lá? Ficarei feliz em receber o seu comentário. E aproveito para lembrar que você pode participar ativamente dessa temporada. Diga que frase ou personalidade você quer ver aqui no Coachitório Online. Deixe a sua mensagem e as suas sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br
Também quero te convidar a conhecer a Jornada! É um processo que nós desenvolvemos para promover o seu crescimento pessoal e profissional por meio da metodologia e das ferramentas do Coaching. Tudo isso online! E o melhor de tudo: todo esse processo será conduzido pelo melhor Coach que você já conheceu: você! Conheça a Jornada e seja Coach de si mesmo! Para ter mais informações sobre a Jornada, é só clicar no link deste post.
Encontro você no próximo episódio! Um abraço!