Transcrição do episódio "175 – Carl Jung e o Autoconhecimento"
Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.
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Vamos falar de:
AUTOCONHECIMENTO
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Quem olha para fora, sonha! Quem olha para dentro, desperta!
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Essa frase é de Carl Gustav Jung, uma das personalidades mais importantes da história no que diz respeito ao estudo da mente humana. Carl Jung foi um psiquiatra e psicoterapeuta suíço, precursor da psicologia analítica. Seus trabalhos exerceram influência não só sobre a Psicologia ou Psiquiatria, mas também sobre a área comportamental. Tanto é que um dos testes de personalidade mais conhecidos e utilizados mundo afora foi inspirado no trabalho de Jung. O MBTI (classificação tipológica de personalidade de Meyers e Briggs) foi elaborado a partir de suas teorias.
O trabalho de Jung influenciou também a Sociologia e até as áreas de gestão. Era fortemente inspirado por mitologia e por questões religiosas, o que fez com que muita gente o considerasse mais como um místico do que como cientista. E eu acredito que foram justamente as influências que recebeu do campo espiritual e da mitologia que fizeram com que Carl Jung pensasse de uma forma mais ampla e abstrata e, por causa disso, se permitisse ver a mente muito mais do que como uma máquina, mas sim como o centro criador de todas as possibilidades e dificuldades que o ser humano enfrenta em sua vida.
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É por isso que antes de irmos para a frase que dá título a este episódio, vamos falar um pouco sobre a história contida nesta frase e a sua origem. A frase em questão foi encontrada em uma carta escrita por Carl Jung em outubro de 1916. A carta era a resposta a uma solicitação feita para ele por uma mulher chamada Fanny Bowditch. Aparentemente, a mulher havia solicitado tornar-se paciente de Carl Jung e a resposta do psicólogo dava a entender que a mulher estava bem ansiosa para que isso acontecesse.
No entanto, Jung meio que dá uma ducha de água fria nas pretensões ansiosas da senhora Bowditch quando diz a ela que tem interesse em trabalhar com ela, mas pede paciência para a paciente porque precisaria se ausentar por dois ou três meses e só então ele poderia começar a atendê-la. O mais interessante da carta que Jung escreveu para ela é que a frase de aberturar, por si só, já é arrematadora. Ele começa o texto dizendo: enquanto você olhar para outras pessoas e projetar nelas sua própria psicologia, nunca poderá alcançar a harmonia consigo mesmo.
Ao continuar a breve carta, Jung reafirma que entende a urgente demanda da paciente. Ele escreveu que sabia que, nas circunstâncias apresentadas pela senhora Fanny Bowditch, ela sentia a necessidade de ver as coisas com mais clareza. E também disse o seguinte: “Sua visão ficará clara apenas quando você puder olhar para o seu próprio coração. Embora tudo pareça discordante, somente no lado de dentro se encontra a verdadeira unidade. Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta.”
E assim Carl Jung termina uma singela carta, na qual escreve e deixa para a posteridade uma das frases mais brilhantes da história, e uma das minhas favoritas também. Uma grande lição contida em uma pequena frase.
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No episódio passado do Coachitório Online eu comentei que não foi Daniel Goleman que inventou a inteligência emocional. O mesmo serve para este episódio. Não foi Carl Jung quem inventou o autoconhecimento e a frase que dá título a este episódio é uma brilhante metáfora para o que já havia sido falado diversas vezes, ao longo de vários séculos, por vários líderes da humanidade. E eu acredito que foi justamente a influência mística e espiritual que fez com que Carl Jung enxergasse a mente humana desta forma.
Digo isso porque a visão humanista da espiritualidade que passou a vigorar no final do século 17 tinha uma visão menos religiosa e mais ligada a fatores como compaixão, autoconhecimento, reflexão. Também consistia em manter relações familiares estáveis, amizades, especialmente aqueles que envolvem altos níveis de intimidade e confiança. Ao ler a carta que Carl Jung escreveu, será fácil identificar que era tudo isso que a senhora Fanny Bowditch precisava.
O autoconhecimento é um dos temas mais recorrentes aqui no podcast sobre pessoas, carreira e liderança. Falamos deste tema nos episódios 69, 118, 129 e 143, só para citar alguns deles. E se eu tivesse que resumir o conteúdo destes episódios eu elegeria a frase de Carl Jung para simbolizar o que é o autoconhecimento.
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Jung nos ensinou que o verdadeiro despertar ocorre quando olhamos para dentro de nós mesmos. Logicamente, há uma metáfora aí. Aposto que você já ouviu diversas vezes a expressão “olhar para si próprio” ou “olhar para dentro de si”, no sentido de que devemos prestar mais atenção a nós mesmos na mesma medida em que prestamos atenção ao que está fora, ao nosso redor. E muito embora exista uma raiz mitológica e espiritual neste ensinamento, o que a frase de Carl Jung nos ensina é algo muito prático, no sentido literal de que podemos e devemos prestar mais atenção em nós mesmos para que, a partir do que descobrirmos, possamos agir de forma com que a gente comande a nossa essência, a nossa personalidade e a nossa mente.
Os processos terapêuticos da Psicologia e da Psicanálise têm justamente este objetivo, pois o cerne destes processos é aprender a lidar com uma situação que nos incomoda. Para isso, temos que reconhecer os efeitos do que nos aconteceu, reconhecer os agentes causadores e a nossa ação (ou falta de ação) que decorre em cada um destes casos. Por meio de metodologias apropriadas, o terapeuta nos conduz neste processo de autoconhecimento por meio de perguntas. Perguntas que doem, verdade seja dita. Ou melhor, o que dói são as respostas, que sempre estiveram lá, dentro de nós, mas que nunca tivemos coragem de admitir e de encarar.
Quem me conhece sabe que não sou Psicólogo ou Psicoterapeuta e tudo o que falo aqui é a partir das minhas experiências enquanto paciente e devo dizer que estes processos são poderosos quando decidimos encarar algo que nos incomoda e quando nos permitimos olhar para dentro de nós mesmos. Esse olhar para dentro de si acontece por meio da reflexão e do silêncio, em um verdadeiro encontro consigo mesmo.
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Há também outras formas de trabalharmos o autoconhecimento. Nos seus devidos campos, a Mentoria, o Coaching e alguns treinamentos comportamentais, quando bem executados, permitem que a gente olhe para dentro de si e veja o quanto nossa forma de pensar e agir influencia a nossa carreira e o relacionamento com colegas, equipes, líderes e tudo mais. Aliás, verdade seja dita: o autoconhecimento é algo que pode ser obtido de várias formas, das mais simples até as mais complexas. Uma palestra, um bom livro, uma boa conversa e até um podcast podem trazer insights importantes para si. E é nesse momento que eu aproveito para responder uma das perguntas que as pessoas mais fazem durante os treinamentos, consultorias e processos de Coaching e Mentoria que eu conduzo. As pessoas perguntam: como eu faço para saber se estou trabalhando no meu autoconhecimento?
Pergunta simples, resposta complexa. Mas diante deste questionamento, eu sempre digo que o autoconhecimento acontece de forma gradual, de conta-gotas. E uma forma de saber que está desenvolvendo seu autoconhecimento é quando você passa a se questionar sobre coisas que até então aceitava facilmente. Você passa a se questionar o sentido de determinados pensamentos e atitudes que você tem. E o verdadeiro autoconhecimento, ou melhor, o verdadeiro despertar que Carl Jung falava ocorre quando mudamos nossos comportamentos e atitudes por conta daquilo que descobrimos sobre nós mesmos.
O autoconhecimento e o resgate da autoestima colaboram para o indivíduo perceber-se como um ser atuante, que tem condições de poder influenciar e ser influenciado. A mudança que promovemos em nós mesmos é o maior sinal de autoconhecimento, pois esta mudança que ocorre conosco irá fazer com que as pessoas com quem convivemos observem nossa mudança e passem também a se questionar sobre seus comportamentos e atitudes. É uma verdadeira corrente do bem.
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Fala, galera do Coachitório Online.
As cartas de Jung foram organizadas em uma coletânea, que virou um livro, cuja referência você encontra na descrição deste episódio. No meio organizacional há muito tempo já há evidências de que práticas de recursos humanos que enfatizam o reconhecimento, o bom ambiente de trabalho, a liberdade de expressão e o autoconhecimento são fundamentais para a melhoria da performance organizacional. É por isso que as práticas de Coaching, Mentoria e treinamentos comportamentais estão tão em alta nos dias de hoje, porque processos bem conduzidos permitem que as pessoas conheçam melhor sobre si mesmas e, consequentemente, sobre as demais pessoas e sobre o ambiente ao seu redor.
Mas eu quero ouvir você! Quais foram as grandes descobertas que você já fez por meio do conhecimento de si mesmo? Ficarei muito feliz em receber a sua resposta.
E aproveito para lembrar que você pode participar ativamente dessa temporada. Diga que frase ou personalidade você quer ver aqui no Coachitório Online. Deixe a sua mensagem e também as suas sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br
Também quero te convidar a conhecer a Jornada! É um processo que nós desenvolvemos para promover o seu crescimento pessoal e profissional por meio da metodologia e das ferramentas do Coaching. Tudo isso online! E o melhor de tudo: todo esse processo será conduzido pelo melhor Coach que você já conheceu: você! Conheça a Jornada e seja Coach de si mesmo! Para ter mais informações sobre a Jornada, é só clicar no link deste post.
Encontro você no próximo episódio! Um abraço!