• 5ª Temporada
  • A Temporada que Vai Virar Livro!

  • Em 2016, eu lancei o meu primeiro livro, os 50 textos, que, como o próprio nome diz, é uma coletânea de textos sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão. As pessoas começaram a me perguntar quando eu iria lançar a nova versão dos 50 textos. Pois bem, nada como unir o útil ao agradável, não é mesmo? Em outras palavras, os episódios da 5ª. temporada servirão como base para os 50 textos do meu próximo livro sobre desenvolvimento humano, liderança e gestão.

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136 – Cuide de si para cuidar dos outros

Quem já viajou de avião, certamente, ouviu aquelas instruções que os comissários de bordo dão aos passageiros, antes de cada decolagem. Para mim, a mensagem mais importante é aquela que fala sobre as máscaras de oxigênio, instruindo os passageiros a primeiro colocar a máscara em si para depois colocar no outro. Gosto de usar esta mensagem dos comissários de bordo como exemplo de algo que muitas vezes negligenciamos no nosso trabalho e na nossa vida: nos colocamos à disposição para ajudar alguém sem antes cuidar de nós mesmos.

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Transcrição do episódio "136 – Cuide de si para cuidar dos outros"

Olá, pessoal! Meu nome é Fabiano Goldacker. Sou Coach Executivo da Ponte ao Futuro.

CUIDE DE SI PARA CUIDAR DOS OUTROS

Quem já viajou de avião certamente ouviu aquelas instruções que os comissários de bordo fornecem aos passageiros antes de cada decolagem. As instruções que falam sobre a posição dos assentos, saídas de emergência, etc. Eu sempre prestei bastante atenção naquelas mensagens, pois além de serem importantes eu também gosto de todo aquele gestual que os comissários de bordo fazem para encenar aos passageiros a mensagem que recebemos daquela voz metálica que sai dos alto-falantes do avião. Mas tem uma mensagem que eu considero a mais importante de todas elas. A mensagem diz o seguinte:

“Atenção senhores passageiros, em casos de despressurização, máscaras de oxigênio cairão automaticamente. Puxem uma das máscaras para liberar o fluxo de oxigênio; coloquem-na sobre o nariz e a boca; ajustem o elástico em volta da cabeça e respirem normalmente. Se você ver outra pessoa com dificuldade para colocar a sua máscara, lembramos que você deverá primeiro colocar a sua máscara para depois auxiliá-la.”

Eu acho que a última frase desta instrução é a mais importante de todas, pois de nada adiantará eu me propor a ajudar alguém com dificuldade para colocar a sua máscara se eu não souber ou não conseguir colocar a minha. Se isso acontecer, é bem provável que tanto eu quanto a pessoa que está com dificuldades vão passar mal.

Gosto de usar esta mensagem dos comissários de bordo como exemplo de algo que muitas vezes negligenciamos no nosso trabalho e na nossa vida: nos colocamos à disposição para ajudar alguém sem antes cuidar de nós mesmos. Ajudar alguém é algo natural do ser humano. Somos prestativos e nos sentimos realizados quando podemos auxiliar alguém. Gostamos da gratidão que recebemos em troca e da sensação de utilidade que nos invade quando percebemos que a nossa ajuda foi importante para alguém.

Só que tem muita gente querendo somente cuidar dos outros sem cuidar de si mesmos. Eu até entendo que muitos preferem colocar as necessidades das outras pessoas antes das suas próprias, em um verdadeiro ato de altruísmo. Só que às vezes essa atitude altruísta pode ser mais prejudicial do que benéfica, porque nem sempre eu estou na melhor das condições para ajudar o próximo. Muita gente adora ajudar o próximo, mas ignora o fato de que há momentos em que são elas que verdadeiramente precisam de ajuda.

Não podemos ignorar os sinais de que estamos precisando de ajuda porque aquele que se empenha em ajudar o próximo precisa estar bem para continuar realizando suas boas ações. É como diz a mensagem sobre a máscara de oxigênio no avião: coloque a máscara primeiro em você, depois no outro. Ajude a si mesmo para depois ajudar o próximo.

Penso até que esse comportamento de negação ou falta de reconhecimento de que precisamos de ajuda não tem a ver com altruísmo. Pode ser que esse comportamento derive de algum problema de autoestima, autoconfiança ou no autoconhecimento e, se for assim, é importante que a gente se coloque à disposição para auxiliar aquele que sempre é prestativo para os outros. Mas também tem aqueles que são teimosos e que recusam todo e qualquer tipo de ajuda e há também aqueles que são orgulhosos demais para reconhecer que precisam de ajuda. 

Independente do motivo, é importante que as pessoas avaliem o tipo de ajuda que estão recebendo e, principalmente, quem está se propondo a ajudar. Certifique-se de que a pessoa que está lhe ajudando está também cuidando de si mesma, pois só assim ela continuará apta a cuidar dos outros quando isso se fizer necessário. 

Confesso que faz algum tempo que eu penso sobre esse tema e, ao pensar sobre o assunto, eu me lembrei de algo que aconteceu comigo alguns anos atrás. Na época, professor em um curso superior de Administração na minha cidade. Essa função demandava que no início de cada semestre participássemos de reuniões acadêmicas com os demais professores e coordenadores da área.

Lembro muito bem que numa dessas reuniões um colega havia descoberto que perdera um curso de capacitação porque não havia acompanhado as comunicações internas e não havia visto a informação e o convite para o evento. Chateado com a situação, ele falou para a coordenação: “- Acho que alguém deveria cuidar de nós, porque a essência de uma faculdade está no que acontece em sala de aula. E quem faz acontecer em sala de aula é o professor. É lá que temos que estar focados! Alguém precisa nos alertar sobre o que acontece fora da sala de aula, para não perdermos outras oportunidades como essa que eu perdi! Quem pode cuidar de nós?”

Ele se referia ao papel dele, ao seu core business, que é ser docente. E afirmava que a estrutura administrativa em sua volta deveria ter como objetivo facilitar o seu papel, para que o professor não tivesse que se preocupar com coisas que são importantes, mas que ocorrem extraclasse.

Eu sempre lembro desta história e eu a utilizo como analogia em vários dos trabalhos de Coaching e consultoria que eu realizo. Ao compartilhar essa história com você, a intenção não é a de julgar se aquele professor estava certo ou não, mas sim de salientar o que eu absorvi desse caso. Trazendo isso para as organizações, tem sido muito comum exigirmos que o líder desempenhe seu papel influenciador e transformador para que o ambiente de trabalho tenha as melhores condições possíveis a fim de que, no final das contas, tenhamos produtividade e excelência no que entregamos. 

Só que em muitos lugares o líder é uma figura solitária. É alguém que tem excelentes intenções e boa capacidade, mas que recebe pouca ajuda das pessoas ou dos órgãos de apoio que estão em volta. Em muitos lugares, os problemas diários são tantos que a expressão “apagar incêndios” é a que mais identifica a atuação de um líder. Ou seja, seu foco está em tudo, menos no ato de liderar (ouvir as pessoas, dar feedbacks, acompanhá-las, treiná-las, etc…). Bill Gates, o fundador da Microsoft, já dizia que “líder é aquele que capacita os outros”. Essa frase nunca foi tão verdadeira, pois estamos em uma época em que as pessoas precisam ser acolhidas e treinadas dentro da empresa. Além do aspecto humanitário, esta ação também engloba a preocupação com o desenvolvimento pessoal e profissional da pessoa, que irão gerar senso de pertencimento e motivação para que ela desempenhe a sua função da melhor maneira possível. No final de tudo, a empresa gera resultado para si e para as pessoas.

E não há nada de errado nisso, afinal de contas, o resultado de uma empresa vem do esforço organizado e dirigido de várias pessoas. E o líder é a pessoa que coordena estas atividades a fim de zelar para que tudo aconteça conforme o planejado. E assim, continuamos a reforçar a premissa de que o líder precisa cuidar das pessoas da sua equipe, capacitá-las e desenvolvê-las para que exerçam o melhor do seu potencial. Mas aí fica a pergunta: quem cuida do líder?

Alguém precisa cuidar do líder porque caso contrário ele também irá se desestimular, fazendo com que aquele que sempre fez parte da solução acabe se tornando parte do problema. Alguém precisa se encarregar de fazer com o líder o mesmo que ele deve fazer com sua equipe: ouvir, acompanhar, treinar. E aí voltamos para o início deste episódio, ao lembrar da importância de cuidar de si para cuidar de outros. O líder precisa cuidar de si mesmo, para que possa cuidar bem da sua equipe. Vou ainda mais longe: alguém precisa chamar para si a responsabilidade de cuidar dos líderes. Os gestores, diretores, empresários, enfim, as pessoas que lideram líderes precisam olhar para as suas lideranças como se eles também fizessem parte de uma equipe, que é a equipe dos líderes. Alguém precisa cuidar do líder para que ele possa cuidar bem da sua equipe.

Novamente ressalto que há um aspecto humanitário muito forte por trás desta ação. Mas há também uma clara preocupação para com o resultado da empresa, porque o líder é o responsável por fazer com que as diretrizes estratégicas aconteçam no nível operacional. As metas, a excelência no desempenho, a satisfação do cliente e até o lucro passam diariamente pelas mãos da liderança que lida diretamente com a operação. E, muitas vezes, lá está o líder cuidando dos outros sem que alguém tenha a preocupação de cuidar bem dele. Como já dizia Frederick Taylor, um dos pais da Administração, já se vai o tempo das realizações pessoais ou individuais em que o homem agia sozinho, sem auxílio de outros. E olha que ele falou isso há mais de cem anos.

Fala galera do Coachitório Online!

Está comprovado cientificamente que o ser humano desenvolve uma sensação de prazer, algo como o efeito da adrenalina, quando ajuda alguém. E essa é uma notícia fantástica e para mim faz muito sentido, pois o caos crescente que vemos em nossa Sociedade provoca um movimento cada vez maior de pessoas querendo ajudar o próximo ou o ambiente de diversas formas. Essa notícia é boa porque nossa civilização ficou impregnada de um sentimento de impotência quanto a nossa vontade de prestar ajuda ou de fazer um mundo melhor. Felizmente, eu penso que as coisas estão mudando.

Então eu te pergunto: você consegue reconhecer quando precisa de ajuda? Você pede ajuda quando precisa? Quero ouvir você! Compartilhe a sua resposta com a gente. Deixe a sua mensagem, sugestões e opiniões nas nossas redes sociais. Se preferir, pode escrever para fabiano@ponteaofuturo.com.br  

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 Encontro você no próximo episódio! Um abraço!

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