Recentemente, chamou a atenção uma declaração da Cátia Porto, vice-presidente-executiva da mineradora Vale. Ela comentou que as políticas conhecidas como “woke” estão perdendo espaço nas grandes empresas. O termo “woke” é da língua inglesa e pode ser traduzido para “desperto” ou “atento”.

No sentido figurado, esse termo se refere a pauta inclusiva que ganhou força nos últimos anos, e que passou a valorizar políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI).

Para a executiva da Vale, a cultura “woke” está perdendo espaço para medidas que valorizam questões como Mérito, Excelência e Inteligência (também conhecida como pauta MEI).

Embora muitos estejam falando que se trata de uma nova abordagem, vale salientar que a pauta MEI não é, nem de perto, uma novidade. Para falar a verdade, é a forma pela qual as empresas têm procurado realizar a sua gestão nos últimos cem anos. 

Empresas e nações cresceram e evoluíram consideravelmente no século 20 graças à adoção dos pressupostos da pauta MEI. Ou seja, graças à valorização do conhecimento, do mérito, do empenho e da inteligência. Desnecessário dizer que a abordagem MEI foi bem-sucedida ao longo de todos esses anos.

A declaração da executiva da Vale traz para o Brasil uma discussão que já tem acontecido em muitos países desenvolvidos. Nos EUA, corporações gigantescas como a Amazon, McDonald´s, Harley Davidson, Ford, entre outras, começaram a descontinuar as práticas ligadas à diversidade e inclusão para voltar ao modelo baseado na meritocracia e no crescimento profissional ligado às competências e conhecimento.

Esse movimento tem acontecido por um motivo muito simples:

A preocupação com o resultado

As grandes corporações têm visto que pautas inclusivas não podem substituir um modelo que valorize excelência, conhecimento e desempenho, sob pena de sofrer perdas em relação à eficiência, produtividade, qualidade e, no médio prazo, no lucro.

Concordo com esta visão, pois as empresas representam uma célula importante da Sociedade e muito do que acontece na vida organizacional se reflete de forma importante na vida social. Me refiro ao fato de que, a partir do momento em que as empresas reconhecem e valorizam pessoas que cumprem seu trabalho com excelência, que desenvolvem suas competências e seus conhecimentos, a Sociedade como um todo ganha.

Mas eu quis validar essa visão aqui, na nossa região

Então, perguntei para alguns executivos e executivas o que eles acham dessa discussão em torno da pauta DEI e MEI. Eles foram unânimes:

  • Querem que suas equipes sejam formadas por boas pessoas, independente de seus credos, orientações, escolhas ou características pessoais;
  • Querem trabalhar com pessoas que se dedicam, estudam e que buscam um futuro melhor para si e, consequentemente, para a empresa.

Vejo uma similaridade muito grande entre esta resposta e o comentário de Cátia Porto. Neste sentido, a reflexão da executiva da Vale é corajosa e necessária, principalmente, em um país como o Brasil. No nosso país há questões gigantescas de desigualdade que precisam ser urgentemente trabalhadas.

É um trabalho de longo prazo, que começa na educação e na valorização de estruturas muito importantes para a Sociedade – que são a família e as organizações. Enquanto a escola, a família e as empresas continuarem a ser criticadas e mal valorizadas, a pauta DEI e toda e qualquer discussão semelhante continuará perdendo força.

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