Há alguns dias eu estava conversando com um amigo e, durante a nossa conversa, ele me fez uma pergunta: o que é liderança ressonante? Como todo Coach costuma fazer, eu respondi à pergunta que me foi feita questionando onde ele havia ouvido tal expressão. Ele me respondeu que durante um feedback que ele fez com uma pessoa da sua equipe (ele é gestor da área de Suprimentos de uma empresa), o colaborador disse que o meu amigo precisava adotar um estilo de liderança mais ressonante, porque o estilo atual estava muito dissonante.
Os tempos mudam, não é mesmo? O colaborador dando um feedback sobre estilo de liderança para o seu gestor! Eu fico muito feliz com isso, pois mostra o grau de maturidade da empresa, do colaborador e do próprio gestor em propiciar um momento de troca de informações como o feedback, que é enriquecedor para todos!
Voltando à pergunta, o meu amigo confessou que desconhecia esses termos e por isso havia decidido me perguntar. Novamente respondi a ele com algumas perguntas (é o hábito do Coaching): o que você entende por ressonância? Em que outro lugar você já ouviu essa palavra? Ele respondeu que lembrou da “ressonância magnética”, aquele exame utilizado para fins de diagnóstico de imagem. Comentou também que, no seu entendimento, ressonância tem a ver com a vibração de um som. Uma espécie de “eco”.
É bem isso! Claro que, no que diz respeito à liderança, o significado é um pouco diferente. Daniel Goleman, em seu livro sobre Inteligência Emocional, utiliza o exemplo de uma música para fazer uma associação aos termos ressonância e dissonância. Segundo ele, a dissonância transmite um som desafinado e desagradável. É a falta de harmonia musical. A ressonância é exatamente e o oposto: o som é harmônico e agradável aos ouvidos.
Ainda segundo Goleman, o líder ressonante é reconhecido por criar um bom ambiente de trabalho, onde são visíveis a interação, a mobilização e o comprometimento de todos para com os objetivos da equipe e da organização. Essas atitudes do líder criam um sincronismo, como se fosse em uma orquestra.
Por outro lado, o líder dissonante dá a entender que os colaboradores da equipe estão sempre fora do ritmo, fora do tom. Pior ainda, o líder dissonante não consegue enxergar essas discrepâncias e pouco faz (ou sabe fazer) para harmonizar o ambiente. Podem ser autoritários, mal-humorados e irritadiços.
Bom, você deve estar se perguntando sobre a reação do meu amigo quando conversamos sobre os significados da liderança ressonante e dissonante. A verdade é que a primeira atitude dele foi a de agradecer por ter esclarecido o significado daquele feedback que ele recebeu do seu colaborador. A segunda atitude foi a de refletir a respeito do seu estilo de liderança. Lembro até hoje da linguagem corporal que ele fez ao perguntar a si mesmo, em voz alta: “- Mas será que eu sou um líder dissonante mesmo?” Respondi a ele que eu acreditava que não, mas, para tirar a dúvida, sugeri que voltasse a conversar com aquele colaborador para perguntar a ele sobre o motivo do comentário que ele fez para o meu amigo.
Essa talvez seja a atitude mais importante, porque demonstra humildade em procurar saber mais a fim de reconhecer em si próprio os motivos que levam alguém a dar um feedback a respeito do seu comportamento. Essa atitude, por si só, já mostra a vontade de se tornar um líder ressonante!