O Brasil vem dando sinais de que está saindo da crise econômica que tem nos atormentado há muito tempo. Na realidade, não é o país que está dando estes sinais positivos, mas sim as pessoas (população, empresários, políticos, etc), mas isso é assunto para outra conversa.
Com esse movimento de retomada de crescimento, tenho observado também que há um fenômeno que igualmente está tomando proporções maiores: a dificuldade que as empresas têm de encontrar pessoas competentes para preencher as vagas abertas.
Parece um paradoxo: de um lado ainda há milhões de pessoas desempregadas e do outro lado há empresas com muitas vagas em aberto! É preciso que a gente consiga unir essas duas pontas.
É claro que há vários fatores que provocam esse paradoxo: questões de capacitação profissional, de desenvolvimento econômico regional, de nicho de mercado, etc.
Há muito tempo eu tenho falado com meus clientes que o principal gargalo das empresas não é o maquinário, espaço físico, capacidade produtiva. O principal gargalo são as pessoas. Pessoas competentes, comprometidas e dispostas a trabalhar.
Essas pessoas existem, mas parece que muitas empresas não as encontram. Então, eu comecei a pensar sobre isso e vi que a liderança é um dos fatores (talvez o principal) que faz com que as pessoas comprometidas e com bom desempenho não sejam encontradas ou não permaneçam nas empresas.
Em outras palavras, temos uma crise de liderança. Mais difícil do que encontrar e atrair pessoas capacitadas para que elas façam parte da equipe é fazer com que essas pessoas encontrem motivos para permanecerem na empresa.
Eu imagino que logo muitos líderes dirão que o salário é fator importante e que as pessoas tendem a trocar de trabalho rapidamente caso encontrem oportunidades financeiras melhores lá fora. Faz sentido, mas só em poucos casos.
A maioria das pessoas acaba pedindo desligamento por conta de outros fatores e, em muitos casos, esses fatores estão relacionados aos comportamentos e atitudes do líder.
Isso quer dizer que boa parte da rotatividade que assombra muitas empresas ocorre por motivos que poderiam ser facilmente evitados caso as lideranças estivessem melhor preparadas para lidar com as pressões que recebem de seus gestores e com as demandas que recebem de suas equipes. É o que falamos no texto da semana passada, sobre a liderança evolutiva.
Só que o líder não é o vilão da história. Apesar de existir uma crise de liderança, não podemos botar todos esses problemas na conta dos líderes, até porque muitas empresas optam por não investir no desenvolvimento deles.
Essa decisão tem suas consequências. Mas o que pode ser feito para lidar com a crise na liderança? O texto da próxima semana vai dar algumas respostas para esta pergunta.