Um dos textos mais legais que vi ultimamente sobre carreira e a vida organizacional não é, na realidade, um texto escrito. É um áudio, do podcast “Boa noite, Internet”, cujo título é “Você não é o seu crachá!”. Confesso que, logo de cara, antes mesmo de ler o texto (ou melhor, de ouvir o áudio!), fiquei paralisado pelo profundo significado do título.
O título daquele podcast – que é o mesmo título deste texto – me fez descobrir que é possível viajar no tempo. Assim como uma música que nos leva de volta a bons tempos ou o agradável cheirinho de uma comida que remete à nossa infância, “Você não é o seu crachá” fez com que eu voltasse no tempo, até os dias em que eu era o meu crachá.
Deixa eu explicar!
Por muito tempo, eu trabalhei em uma grande empresa da minha cidade e as pessoas de fora da empresa geralmente se referiam a mim como o “Fabiano da empresa X”.
A empresa era grande e tinha vários setores. Isso fazia com que dentro da empresa eu fosse conhecido como o “Fabiano do setor Y”. Não que isso fosse ruim ou uma espécie de punição, até porque boa parte do meu aprendizado profissional eu conquistei nessa empresa.
Várias amizades que cultivo até hoje surgiram lá. Aliás, meus pais trabalharam lá e isso também fazia com que muitos se referissem a mim como o “Fabiano, filho do Renato, da empresa X”. Enfim, isso vai longe…
Só que o título do podcast chamou a minha atenção não somente por conta da lembrança dos meus primeiros anos de vida profissional, mas sim porque eu nunca havia me dado conta do risco de perda da nossa própria identidade quando deixamos de ser quem realmente somos para sermos o “fulano da empresa X”.
O problema é quando a gente deixa esta empresa com a qual a nossa identidade está associada. É como se do dia para a noite nós perdêssemos o nosso sobrenome.
E foi somente quando eu me deparei com a frase “Você não é o seu crachá” que eu descobri porque que muitos dos meus colegas sofreram quando deixaram a empresa X.
Não tinha a ver somente com a perda do emprego, mas sim com o fato de eles acharem que uma parte importante da sua vida e identidade estavam se perdendo também.
Talvez hoje em dia essa identificação tão forte com a empresa em que a pessoa trabalha não faça mais sentido para muita gente, até porque o tempo médio de permanência de um profissional numa mesma empresa tem reduzido cada vez mais.
Ainda assim, é importante que a gente sempre se lembre que quando nos perguntarem “Quem é você?”, a resposta seja o seu nome completo e não algo do tipo “Sou o Fabiano, da empresa X!”.
Não estou dizendo para você dar de ombros, pouco se importar ou ser negligente com o seu emprego e com a empresa em que você trabalha. Muito pelo contrário, pois ao preservar a sua verdadeira identidade você também estará mais próximo de encontrar um propósito na empresa em que você trabalha. As coisas farão mais sentido.
Ah, eu tanto falei no podcast “Você não é o seu crachá” que quase ia esquecendo de colocar o link para que você também possa ouvir e, quem sabe, ter os mesmos insights que eu tive. Está logo abaixo: