“Ordo ab chao!” é uma expressão muito antiga, que significa “ordem a partir do caos”. Essa expressão mostra, de uma forma um tanto simples, a nossa diária e incessante busca por previsibilidade, organização e ausência de surpresas desagradáveis.
O cotidiano de muitos profissionais consiste, justamente, em adotar métodos, processos e técnicas que têm como objetivo garantir que as coisas transcorram dentro da normalidade, sem solavancos e problemas que demandem a utilização de medidas emergenciais. É a eterna luta dos bombeiros contra os incêndios organizacionais… É a eterna tentativa de impor ordem à desordem…
Mas, por que necessitamos dessa busca constante pela ordem?
A resposta, creio eu, está no fato de que coisas organizadas são gerenciadas mais facilmente; é dessa forma que tentamos fazer com que sejam as nossas vidas e carreiras.
No entanto, essa moeda tem dois lados: ao mesmo tempo que a ordem é o ideal a ser buscado, essa mesma ordem pode acabar nos colocando numa grande zona de conforto com o passar do tempo. Digo isso, pois em situações de estabilidade, novos problemas acabam não surgindo e, dessa forma, não somos desafiados a empreender soluções criativas e a fazer coisas diferentes.
Na zona de conforto nada surge, nada acontece
Eis que surge o lado positivo do caos e da desordem. Momentos de crise, reclamações de cliente, queda na produtividade, etc., representam a desordem organizacional. Mas, representam também – e principalmente – o impulso necessário para que a gente saia da zona de conforto e coloque em prática ações que sirvam como soluções para que a desordem seja superada.
Desta forma, pessoas, processos e empresas se tornam melhores, porque a desordem as forçou a adotar ações para buscar uma nova ordem. Só que essa nova ordem virá num plano mais elevado, pois a desordem nos trouxe aprendizado e crescimento.
Ressurgimos das cinzas mais fortes para lidar com as novas crises, pois situações contínuas de ordem dificilmente perduram. É um ciclo contínuo.
Outro benefício pode surgir destes momentos de desordem organizacional, são situações em que descobrimos que há pessoas que assumem responsabilidades de forma voluntária. São pessoas que mostram iniciativa e que revelam habilidades de liderança que antes estavam escondidas, não eram percebidas ou não tinham oportunidade para mostrarem serviço.
Essas pessoas devem ser identificadas, valorizadas e trazidas para o centro decisório da organização, pois elas estão dispostas a fazer parte da solução, ao invés do problema. Em decorrência disto, é provável que novas equipes de trabalho surjam, ou até mesmo seja percebida uma nova energia ou espírito positivo de trabalho nas equipes da empresa, pois as pessoas aprendem que é necessário trabalhar de forma cooperativa e não competitiva.
Por isso que eu digo, sempre há o lado positivo do caos, pois é ele que fará com que as pessoas e empresas se reinventem e ressurjam mais fortes do que eram. Mas, para que isso possa acontecer é importante que o caos seja compreendido e administrado. É o chamado “caos criativo”, que leva pessoas e organizações a pensarem fora da caixa para saírem da situação desagradável em que se encontram.